Autoorganização social contra as grandes obras desenvolvimentistas
Autoorganização social contra as grandes obras como ponta do iceberg
Como sabemos, desde o anuncio da copa do mundo de futebol 2014 e das olimpíadas de 2016 o Brasil vive um clima de terror, principalmente nas comunidades pobres das grandes capitais que sofrem o pavor do anuncio de seus despejos para grandes obras, em áreas justamente de grandes interesses imobiliários. Associado aos grandes eventos, a ação da polícia tem servido para ampliar a restrição do ir e vir nas comunidades carentes, além da repressão, que tem crescido a passos largos. Em Fortaleza, o anuncio da possibilidade de desapropriações de comunidades no entorno do trilho na linha Parangaba-Mucuripe para a construção do veiculo leve sobre trilhos para a copa do mundo 2014 chegou a provocar a morte de inúmeros idosos com medo de perder as marcas da vida deixada em seus lares. Outras obras vinculadas ao discurso desenvolvimentista segregador excludente, como a transposição do São Francisco, tem atormentado a vida de pessoas simples, como no caso da comunidade Baixio das Palmeiras no município do Crato/CE, que também vê os seus idosos sofrendo com a pressão do Estado. No entanto, tais comunidades vêm se apresentando como dispostas a lutar pelos seus direitos, chegando, no caso de Fortaleza, a promover a constituição de um movimento social autoorganizado pela própria comunidade denominado o Movimento de luta em defesa da moradia – MLDM, ao passo que no Crato, os próprios moradores têm puxado o movimento “somos todos baixio das palmeiras” ambos em luta contra a ditadura do tecnicismo implantada pelo Estado, que não prevê a participação dos mesmos na tomada de decisão sobre seu próprio destino. No caso do distrito “baixio das palmeiras”, o Estado tem afirmado reiteradamente que é mais importante a vazão da água no canal do que a vida das/nas comunidades. A vivência e a experiência de escutar os moradores em luta mostra a desilusão com os políticos e sua representação, sendo comum escutar que não acreditam mais nos políticos como forma de resolução dos problemas sociais. A aproximação de tais movimentos que já vinham em luta, com as lutas em curso nas ruas, pode tencionar ainda mais a busca pela autoorganização e a construção de assembléias populares.